Saludo!

Buenas viventes! Venho mostrar, com humildade, meu ofício de guasqueiro através dos meus trabalhos. Espero que seja do agrado de todos. Forte abraço, e que o Patrão Maior nos abençoe nessa jornada!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A Picaça do Avô...


Esta faca me traz boas lembranças. Certo dia meu primo pediu que eu refizesse a bainha desta preciosidade, que pertenceu ao nosso avô. Durante o trabalho, lembrei dos tempos de criança na fazenda, quando ainda podia desfrutar de uma infância saudável e sem muitas preocupações, dos almoços de domingo com toda a família reunida, das campereadas, pescarias, os banhos de açude, as caçadas de tatu... Bons tempos, que estão muito bem guardados na memória!
A velha Solingen F.ED. Ohliger recebeu um trato especial em sua bainha picaça. Couro cru sem sova, tratado com óleo de mocotó. Tentos finos de lonca de cabrito em costura 6x2 e três tentativas até chegar na medida exata do bocal, ponteira e meio. Saudades dos tempos de guri, saudades do meu avô!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Bainha pra uma xerenguita solingen...

A pequena Soligen merecia um trabalho especial.

Para esta preciosidade, procurei alguns acabamentos diferenciados, para acompanhar esteticamente o modelo e dar bom acabamento.


A espera foi retovada com tentos de lonca de potro, com costura de borda de "duas caras" (um acidente que resultou nessa costura) combinada com a costura simples de dois tentos, na mesma furação. A marca, bordada do lado oposto do corte da lâmina, evitando a ruptura dos pontos ao embainhar a faca. Os tentos utilizados medem 0,5mm. No botão a costura é a de "echeta", dando um aspecto mais limpo ao trabalho.
O fechamento da bainha foi feito com uma costura diferenciada, usando uma técnica de acabamento (trança de um) mesclada com costura de escalera, até aqui, que eu tenha informação, sem precedentes. O resultado foi buenacho!

O acabamento da ponteira é com bomba em pluma (tripla armação em corredor simples) e na ponta o mesmo tipo de trabalho empregado no fechamento (trança de um) feita pela volta do botão. A aparência lembrou uma pinha de araucária (falando nisso, hoje vai ser uma paçoca de pinhão de bóia, pra comemorar, hehe)!


Abraço a todos.

Bainha Lobuna...

Chamei de "lobuna" pela cor característica do couro, lembrando muito a pelagem lobuna de alguns animais.



O modelo do trabalho foi encomendado para ser funcional, sem muitos detalhes, acompahando a característica robusta da faca, usada para toda lida. Optei em usar costuras mais difíceis de serem rustidas durante o serviço, como a de pelo (no botão) e uma variação da costura em escada, chamada "echeta", na borda da espera.

Ao couro da bainha foi aplicada meia sova e os retovos foram todos feitos com lonca de potro (6x2). A trança da presilha começa em sovéu, passando ao tradicional rapadura e em seguida para a trança de quatro tentos redonda.
Sendo uma peça de trabalho, o botão foi feito "de sacar", evitando danos ao acabamento da ponteira e não necessitando dobrar a bainha para desapresilhar ao tirá-la da cintura.
O acabamento na ponteira foi feito com botão tradicional e revestido com uma "bomba zurda"

O resultado final nos dá uma boa impressão de acabamento, com harmonia entre os tons do cabo e da bainha, além de grande funcionalidade!




sábado, 4 de junho de 2011

Uma Bainha de Patrão...

A história da sogueria criolla confunde-se com as origens do gaúcho. De primeiro, os preparos de prata e ouro eram sinal de abastança, usados pelos grandes estancieiros e criadores afamados. Para os peões, desprovidos da "plata" suficiente para adquirir tais peças ( que algumas vezes representavam pequenas fortunas empilchando pingos) restava apenas fazer seus próprios preparos, de matéria crua, algumas sobras das peles de carneação... já que o mercado do couro também consumia em grande parte a matéria prima utilizada. Com o passar do tempo, foram surgindo verdadeiros mestres guasqueiros, resgatando técnicas antigas, aperfeiçoando e colocando sua assinatura pessoal em cada peça, fazendo do antigo trabalho campeiro uma profissão. Essas técnicas foram sendo passadas de pai para filho, para aprendizes ou mesmo curiosos destas artes chagando aos nossos dias com uma infinidade de estilos, transformando o couro dos peões no ouro dos patrões, tamanha a perfeição das peças confeccionadas muitas vezes apenas com couro cru. Durante algum tempo, algumas coisas se perderam, mas alguns mestres conseguiram resgatar e publicar obras obtidas por pesquisas, troca de informações e, no mais das vezes, pela própria experiência.

Nesta peça, apresento a mescla de algumas técnicas muito peculiares:

A bainha de couro cru, leva nas bordas da espera e do botão um tipo de costura conhecida por 7x2 com tentos finíssimos de lonca de potro (0,8mm de largura) . A grande diferença das técnicas tradicionais, é que aumenta e diminui as passadas, conforme necessário
Entre 6x2, 7x2 e 8x2) dando um efeito desenhado, pela furação e modo de desenvolvimento.

Os botões são acabados com bombas do tipo "esterilla" semelhante à chamada bomba "zurda", de armações simples e dupla, também em lonca escura de potro, mas com tentos de 0,6mm.

O bordado do botão foi feito ao redor do desenho vazado, com a mesma lonca, lembrando o estilo de peças cinzeladas em estilo neo clássico.

A presilha tem trabalho de tento embutido, dando realce ao corpo da bainha.

Espero que apreciem a peça!

Forte abraço.